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sábado, 18 de dezembro de 2010
A TUTELAÇÃO DO ATO MÉDICO PELA SOCIEDADE
Vivemos uma era onde o exercício da Medicina vem sofrendo ataques de setores organizados da sociedade civil que estão há anos empenhados em roubar do médico a autonomia de seus atos para poder direcionar o exercício de nossa profissão de acordo com o bel prazer de suas políticas locais, interessados no grande capital político gerado pelo ato médico em um país com grande carência em saúde como o nosso.
Esse fenômeno pode ser resumido como a tutelação do ato médico por operadores da sociedade civil, que tenta forçar o médico a atuar de acordo com diversos interesses político-econômico-sindicais e há anos causa grande estrago não apenas na relação médico-paciente como vem paulatinamente sufocando o médico e deixando o exercício profissional ser feito de forma incorreta e arriscada.
Na perícia médica previdenciária, essa tutelação do ato médico se faz ainda mais prejudicial, pois ceifa o médico perito de sua necessária autonomia e isenção para exercer seu ato médico pericial no periciando, cuja relação por si só já é de antagonismo.
Interesses escusos, necessidades de demanda, desconhecimento total do que seja o ato médico pericial e uso político de nossos carimbos em uma área de grande impacto social transformaram o controle do ato médico pericial em uma verdadeira batalha campal e judicial em que se usam das táticas mais sórdidas e brutais para evitar que o médico reassuma o papel central no exercício de seu ato médico.
Para esses operadores da sociedade civil, o ato médico é um ato qualquer, que pode ser manipulado, mecanizado e quantificado, bastando apenas uma "boa gestão" para que o nosso trabalho possa ser "bem feito" como em uma "linha de montagem". O médico, para esses gestores, é apenas um "tarefeiro" que pode ser substituido sem maiores queixas. Experiência acumulada, habilidades psicoafetocognitivas e formação técnica pessoais, curriculo profissional, nada disso é importante.
"Não queremos doutores, queremos médicos que façam perícia", já disse um importante burocrata do governo, cuja quantidade de neurônios podem ser contadas com os dedos da mão.
Essa visão simplista, onde o médico vira "profissional da saúde" e por ser "apenas um profissional da saúde" pode ser igualado a "outros profissionais da saúde" (e ai vem a gênese da "equipe multiprofissional") faz com que o INSS queira quantificar, tabelar, cobrar e registrar o trabalho médico da mesma maneira que fazem com os produtos plastificados que saem das linhas de esteira de onde vieram alguns dos atuais chefes de governo.
Se não tem o profissional de saúde médico, ou se ele é caro ou questionador, basta mudar para outro profissional de saúde, e a tentativa de nos igualar a outros profissionais menos qualificados é a origem da histeria dos paramédicos em relação à Lei do Ato Médico, pois querem nosso mercado de trabalho e por conta disso esta Lei está há anos travada no Congresso Nacional.
Enxergar e tratar o médico como um "tarefeiro" passível de "gestão" é a origem de todos os males que enfrentamos: A má valorização, o péssimo salário, a lamentável condição de trabalho, a total insegurança e o desrespeito a que somos submetidos.
Nada mais equivocado tratar o médico assim, pois a medicina não é ciência matemática, exige preparo, emoção, ação, coragem e muita habilidade, qualidades que não são passíveis de quantificação, tabelamento ou "gestão", ainda mais de quem é leigo.
O resultado dessa relação gestor-médico é a total catástrofe existente tanto na Perícia Médica como no SUS: nenhum desses sistemas funciona bem, e continuará a não funcionar enquanto acharem que o médico é um operador de máquina.
Cabe a nós, peritos médicos, lutar diariamente para convencer o CIDADÃO e as autoridades que a medicina não pode ser gerida por leigos, não pode ser tabelada como parafusos numa máquina, temos que ter autonomia e infra-estrutura para nós mesmos podermos trabalhar de forma eficaz e independente, diminuindo o retrabalho, aumentando a qualidade e diminuindo a demanda.
QUALIDADE SIGNIFICA MENOS QUANTIDADE E MAIOR SATISFAÇÃO.
Estamos nessa luta não para brigar ou afrontar esses gestores leigos que equivocadamente nos tratam assim. Isso não funciona, como visto na última greve. Estamos para mostrar tecnicamente e juridicamente que a autonomia, a isenção salarial (subsídio), a infra-estrutura adequada (incluindo como cobrar o trabalho médico) e o compromisso é que tornará a perícia médica um sistema eficaz. Mas para isso não podemos ter gestores leigos interfirindo na área médica.
Pela Perícia Médica da União livre e autônoma.
Concordo.
ResponderExcluirEm recente perícia da qual participei até descobrir a verdade, o jurisperito era fisioterapêuta!
Deixei o caso!
Médico conversa parte técnica com outro médico no mínimo de igual gabarito! Portanto fizeste o correto,porém devias ter denunciado ao CFM para que a classe médica se faça respeitar. Caso o judiciário achar que pode, então em breve veremos advogados sentados em cadeiras de juízes!
ResponderExcluirRegiane.
ResponderExcluirA denúncia foi encaminhada sim, mas primeiro ao CREMESP.
Depois, se interessar, informo o resultado a todos.
Abraços,
RACS