A notícia quase me fez cair da cadeira quando li: o governo britânico torrou mais de 2 milhões de libras (algo na vizinhança de R$ 6 milhões) para testar uma tecnologia de detecção de mentiras que seria aplicada num esforço de evitar fraudes previdenciárias.
A ideia era analisar a voz das pessoas ligando para pedir benefícios e determinar, pelo estresse encontrado na fala, se a reivindicação era legítima ou não.
Segundo o neurologista e psiquiatra americano Terence Hines, que escreveu um longo capítulo sobre detectores de mentira em seu livro de 2003 Pseudoscience and the Paranormal, essa técnica, chamada análise de estresse vocal, está intimamente ligada ao polígrafo, que é o detector que aparece nos filmes policiais americanos.
A ligação é fácil de perceber: enquanto o polígrafo faz medidas de estresse fisiológico, analisando pressão sanguínea, ritmo cardíaco e a condutividade elétrica da pele (um indicador de transpiração), a análise de estresse vocal tenta medir… o estresse vocal.
A premissa subjacente, enfim, é a mesma: mentir é mais estressante que dizer a verdade; logo, detectar estresse equivale a detectar mentira. É uma bela premissa.
O único problema é que é estupendamente falsa. Um mentiroso contumaz pode mentir e se manter relaxado, e uma pessoa inocente pode ficar nervosa ao se ver alvo de suspeita e ficar estressadíssima,
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