Peritos do INSS estão em greve há quase quatro meses
São esses profissionais que atestam se uma pessoa pode ou não continuar trabalhando ou se aposentar. Sem o laudo deles, muita gente já não recebe os benefícios.
O auxiliar de serviços gerais Carlos Alberto tem artrose e, com as dores no joelho, não consegue trabalhar. Há quatro anos, recebe o benefício do INSS. Desde maio, no entanto, os R$ 570 não chegam na conta dele.
É que os peritos do INSS estão em greve. Carlos já foi a quatro consultas que estavam agendadas, mas em todas voltou sem fazer a perícia. “Estou passando necessidade. As contas estão todas atrasadas – água, luz, telefone, tudo. Inclusive, meu telefone já está até cortado porque não dei conta de pagar mais”, lamenta.
Mesmo com a greve, os segurados têm que ir à agência da Previdência Social na data e horário marcados. Quem não aparece tem o benefício cancelado.
Os peritos estão parados há quase quatro meses. Eles querem uma gratificação de desempenho, redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem alteração no salário. Pedem ainda dispensa do sistema de registro de frequência, obrigatório para todos os servidores do INSS.
O Superior Tribunal de Justiça já determinou que metade dos peritos continue trabalhando. Mesmo assim, muita gente volta para casa sem atendimento.
“Quando a gente chega aqui, não tem perito e só nos resta pagar a passagem de volta”, diz a doméstica Aura Dias. “É cansativo, a pessoa fica estressada. A gente paga INSS a vida inteira e, quando mais precisamos, não temos”, constata a cozinheira Aparecida de Souza.
A Justiça considerou a greve legal. O Ministério da Previdência informou que tomou medidas para atender às reivindicações, mas até agora não houve acordo.
Luísa Doyle / Edgar de Andrade
2 comentários:
ESTRANHA O FATO DE UMA EQUIPE DE TV TÃO COMPETENTE TENHA COMETIDO UM ERRO TÃO PRIMÁRIO DE DATAR "QUATRO MESES DE GREVE" QUANDO NA VERDADE SEQUER SÃO TRÊS...
Perícia e INSS voltam a negociar
Reunião de ontem à noite pode significar início do entendimento do governo com médicos para o fim da paralisação
POR LUCIENE BRAGA
Rio - Pela primeira vez, a reunião entre os peritos do INSS em greve com o presidente do instituto, Valdir Simão, foi considerada produtiva para os dois lados. Os médicos se reuniram após o encontro e devem apresentar a proposta discutida para a categoria hoje. Isso significa que a paralisação iniciada em 22 de junho poderá ter o fim anunciado hoje ou amanhã. E acabar, enfim, com a romaria dos trabalhadores segurados que não conseguem realizar a avaliação necessária para a concessão de benefícios por incapacidade.
Após a reunião, tanto os peritos quanto Valdir Simão preferiram manter o silêncio para não prejudicar a negociação, que deverá se estender hoje, até a hora do almoço.
Ontem, até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a greve dos peritos do INSS. “Estou meio chateado porque os peritos entraram em greve. Eles ganhavam R$ 2 mil, nós estamos pagando R$ 14 mil. Entraram em greve porque querem reduzir a jornada de trabalho. Estou achando muito engraçado no Brasil as pessoas quererem trabalhar 30 horas. Daqui a pouco, as pessoas querem ganhar sem trabalhar”, ironizou Lula.
A perícia médica previdenciária, no entanto, afirma que a pauta de reivindicações não se restringe ao questionamento da jornada de trabalho de 40 horas ou de 30 horas. Os peritos questionam ainda a falta de segurança; regulamentação da gratificação da categoria, que está congelada há dois anos; e a não entrega do Comunicado de Resultado do Requerimento a segurados empregados e domésticos avulsos (a entrega do documento é o principal fator a gerar agressões aos peritos e servidores do INSS).
Também defendem a realização de uma nova campanha educativa, que seja de forma continuada sobre o papel da perícia; e ampliação das nomeações do último concurso com o preenchimento de todas as vagas existentes (mais de mil profissionais).
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