A principal resistência para o fim do protesto diz respeito à carga diária de trabalho
José A. Souza/DF
José A. Souza/DF
Dos onze médicos peritos que trabalham na unidade regional da Previdência Social de Franca, cinco estão de braços cruzados. Eles engrossaram o movimento nacional dos médicos peritos, que há 51 dias está sob protesto junto ao Governo Federal. A greve afeta exclusivamente o setor da perícia médica. Todos os outros serviços das agências da Previdência Social estão sendo realizados, ressaltou Fernando Golffi, coordenador da unidade. A greve dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que completou 53 dias, está causando cada vez mais transtornos para as pessoas que têm problemas de saúde ou sofreram um acidente de trabalho e precisam de uma avaliação médica para receber o auxílio-doença. A espera por atendimento já passa de dois meses.Em Franca, cada profissional chega a atender por dia uma média de 12 pacientes, totalizando 110 pacientes/dia e 2,2 mil ao mês. Porém, dos onze profissionais, cinco estão em greve e 40% dos procedimentos estão sofrendo atraso. A assessoria de imprensa do INSS (regional de São Paulo), informou ao Diário que cada gerência regional está orientando os segurados que têm perícia agendada para a comparecer à agência da Previdência Social na data e hora marcadas para a realização do procedimento. Esses segurados serão atendidos pelos peritos médicos peritos que estiverem na agência.O trabalhador que, em consequência da paralisação não for atendido poderá marcar outra data imediatamente. O novo agendamento poderá ser feito na própria unidade ou, se preferir, por meio do telefone 135 (ligação gratuita). A perícia será realizada na data mais próxima.O prejuízo só não está sendo maior porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ), apesar de considerar a greve legal, determinou a volta de 50% dos peritos ao trabalho.Hoje, a Associação Nacional de Médicos Peritos da Previdência Social realizou assembleia para avaliar a terceira proposta para interrupção da greve apresentada pelo Ministério da Previdência Social. Desta vez, as sugestões do governo foram aceitas parcialmente. "Aceitamos a proposta com adequações", afirmou o presidente da entidade, Luiz Carlos Argolo. Mas o impasse continua e uma contraproposta foi apresenta ao governo, mas ela não foi aceita. A principal resistência para o fim da greve diz respeito à carga diária de trabalho. Normalmente, os médicos peritos trabalham diariamente oito horas. Para evitar uma carga horária "excessiva", a associação propôs a jornada diária de seis horas ininterruptas e que as outras duas horas sejam liberadas para outras atividades como realização de perícias hospitalares e judiciais.Dessa forma, segundo a associação, poderiam ser criados dois turnos de trabalho, o que ampliaria o atendimento ao público e reduziria as filas nas agências. Na avaliação do INSS, não é possível atender a essa demanda porque os médicos peritos querem receber por uma carga horária de oito horas e trabalharem apenas seis, sem fazer o compromisso de que atenderão todas as pessoas que estiverem agendas para perícia no dia.Além disso, os negociadores do governo estabeleceram várias condições, caso a associação aceitasse a proposta apresentada. Uma delas, que a entidade não quer se comprometer, é a de atender a agenda diária de perícias. "Assumir o compromisso de atendimento de tudo que foi agendado é imoral", afirmou Argolo, destacando que já existe uma decisão judicial que trata desse assunto.A greve iniciada no dia 22 de junho está prejudicando principalmente os trabalhadores que contribuem para a Previdência Social e precisam passar pela perícia para que o benefício comece a ser liberado. Os segurados que já recebem benefício previdenciário e precisam de um novo atendimento da perícia médica podem ficar mais tranquilos. Quem já recebe o benefício e está com a perícia agendada, se não for atendido, terá o auxílio prorrogado de forma automática.
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