Um bravo colega propôs a formação de uma comissão junto a CFM-FENAM-AMB para conseguirmos o apoio das entidades médicas à uma suposta nova lei para nossa carreira. Idéia excelente, entretanto, sozinha, eu creio que tal união nobríssima é desprovida de força para alterarmos os rumos da nossa carreira. É como se se juntassem a Noruega, a Finlândia e a Suécia para mudar o estatuto da ONU. Meus caros, nobreza e boas intenções não costumam causar mudanças duradouras de impacto tampouco existe conquista sem lutas e diplomacia sem armas. Se assim o fosse, a nobre trindade já o teria feito em seus vários posicionamentos quanto ao: piso salarial médico, aprovação de ato médico, defesa do SUS, PEC 29 e dezenas de outros problemas relacionados à medicina pública e privada. O que lhes faltava então? Não é difícil. Chama-se apoio estratégico, político e armas. Isto explica o porquê grupos de pescadores de lagostas, plantadores de soja e sindicalistas do ABC têm conseguido mais visibilidade e conquistas que estes. Comparativamente, também porque países em desenvolvimento como o Irã, a Rússia e a China conseguem mais atenção no meio internacional que os países da Escandinávia. Eles representam o momento econômico e político do mundo. É por isso que acho fundamental em nosso caso a atração de parlamentares e apoio de entidades de interesse político.
Vejam vocês: Está nas nossa mãos a bússula do destino! Nós somos a carreira médica em desenvolvimento mais visada. Temos lei e luz própria. Somos o BRIC do mundo médico. Dezenas de outras categorias administrativas e médicas, como países menores, espelham-se e se agarram em nossa luta. A nossa vitória será o motivo de orgulho e comemoração por todos os médicos e a derrota a sua frustração. Estamos hoje no centro de um movimento nacional pelo resgate da dignidade médica. Somos o modelo ideal da motivação. Estamos como atração principal no desfile aberto das armas que tenta mostrar força e lutar para resgatar direitos roubados e definhados lentamente com o passar dos anos. Pensemos: Lutamos pela Autonomia Médica que foi subtraída e trocada por acordos ilegais; Lutamos pelo direito termos bons salários, status social e paridade na aposentadoria (leia-se subsídios) proporcional a nossa carga de estudo (a maior proporcional); Lutamos pela manutenção do direito Universal do médico de ter a opção de não trabalhar 40 horas integralmente já consagrado por leis como a 3.999/61 e violentado pela 10.876/04.
Outro dia, escrevi um post falando do “incrível alinhamento astrológico", outra forma de dizer “sorte pura”, que sustenta esta histórica greve. Falei de itens como: Legalidade, Recebimento de Salários, Greve do Judiciário Federal, Categoria Incrivelmente Motivada, Ano Eleitoral... e entre outros estava lá: “Estamos no meio de um grande movimento nacional pelo resgate da identidade médica”. Falei também que infelizmente apoio ético não foi e nem será suficiente para aprovar: o Ato Médico que está há cerca de oito anos na casa, a Carreira de Médico do SUS da PEC 450 e o Piso da FENAM de RS15.800,00 para 40hs. Não quero jogar areia no apoio ético. Quero na verdade melhorá-lo. Para tanto sugiro que nos empenhemos em solicitar uma audiência no Parlamento e busquemos apoio POLÍTICO principalmente. Infelizmente o apoio ético sem o político é navegar no vazio. Espero aqui fazê-los refletir nestas palavras.
Estamos num bom momento. Façamos todos por merecer o nosso sonho com força e coragem ainda que seja preciso mudar a própria constituição e o rumo da história da medicina do Brasil.
5 comentários:
Boas palavras ! Auto-suficiência é ilusão !
Foi a mesma sensação que tive ao ler a notícia de apoio do CFM. Seria um apoio de grande valia e repercussão, caso soubéssemos o que, exatamente, eles apoiam.
Heltron, parabéns pelo texto.
Seria interessante enviá-lo à lista de peritos.
Investir em apoio político é dar eficácia ao apoio ético.
A ética corrobora, mas é o político que operacionaliza.
Quisera eu que a nossa ANMP assimilasse esta idéia como sistêmica e concentra-se seus esforços e foco sobre ela.
Greve é:
a) ato legal;
b) ato político;
c) ato ético;
d) ato comercial.
Parabéns pra quem marcou "B".
Em momentos como o atual é imprescindível lançar mão de estratégia eficaz e devastadora, contando com uma "retaguarda" forte e organizada. Há que se escolher muito bem as armas: de nada adianta portar flores (mesmo com seus espinhos) se o inimigo está equipado com metralhadoras!
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