O colega Armando Arreguy Silva de Governador Valadares recebeu ontem um convite de formatura de medicina na UFMG.
Os formandos homenageiam nossa colega assassinada em 13 de setembro de 2006, ao intitularem-se:
Os formandos homenageiam nossa colega assassinada em 13 de setembro de 2006, ao intitularem-se:
Turma Maria Cristina de Souza Felipe da Silva.
Transcreve os dizeres que constam neste convite:
"Maria Cristina não colecionava títulos acadêmicos; não publicou artigos, nem escreveu tratados; seu nome em latim, não foi dado a qualquer descoberta científica. Seu retrato não fulgura no panteão das célebres personalidades da nossa faculdade. Entretanto, ela possuia uma virtude que sobrepuja qualquer feito do mais completo currículo: a coragem, revelada quando, ainda jovem, escolheu a profissão de médica, esse nobre ofício de entrega, esforços e abdicação.
Coragem que esteve revestida de bravura no momento que Maria Cristina deixou a Cidade Maravilhosa e o aconchego de sua família para que, ao lado do seu companheiro, pudesse dar início a uma nova vida na promissora capital do Vale do Rio Doce.
Coragem que foi repassada aos seus quatro filhos quando decidiu amá-los e educá-los sob os preceitos da retidão de caráter e dos valores morais em uma sociedade que seduz ao contrário.
Coragem que foi a essência do amor da mulher, da esposa, da mãe e da médica, sobretudo ao assumir a chefia de um cargo público e escolher o caminho da verdade e da justiça sem temer as consequências; foi assim que o país conheceu Maria Cristina.
A preponderância da coragem dessa mulher reacendeu os nossos anseios e causou profudas reflexões a respeito do nosso futuro como pessoas, cidadãos e médicos. De imediato, identificamo-nos com a sua história, talvez pelo fato de ser mais humana e menos mítica. Comovemo-nos ao reconhecer que as nossas escolhas serão semelhantes, e que também construímos as nossas vidas com um pouco de coragem.
Entendemos que a tarefa de conferir o nome de uma turma de formandos a alguém deva extrapolar o protocolo da formalidade. Neste sentido, homenagear Maria Cristina, mais do que uma honra e satisfação, é para nós uma responsabilidade. Ao graduarmo-nos sob sua égide, assumimos o compromisso de perpetuar os seus ideais, acreditar em nossa capacidade de modificar para o bem o que está a nossa volta e exercer a medicina com ética e justiça social. Essa empreitada, ainda que seja árdua, tornar-se-á serena, uma vez que frente às dificuldades e hesitações, repetiremos a frase que guiou a sua vida e que agora fundamenta a nossa homenagem. Desistir nunca: "Pra cima do medo, coragem!" Pelo amor, pela família, pelo trabalho, pela justiça, pela paz.
P.S. Nesta turma de medicina da UFMG, um dos formandos é Amin Souza Felipe da Silva, filho de Maria Cristina.
A saudade é a presença do ausente
Meus respeitos e admiração aos nobre formandos, homenageiam a quem merece, e penitencio-me em nome da classe de peritos-médicos pela atitude covarde que tomamos não honrando o sacrifício da colega, atuamos de forma covarde e submissa.
ResponderExcluirFernando Ebling Guimarães
Texto lindo e emocionante. Homenagem merecidíssima!
ResponderExcluirSionara Carvalho